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28 junho 2024 02h50

Microsoft reforça máximos históricos, mas o LEI...

Jornal Económico

Paulo Monteiro Rosa Economista sénior do Banco Carregosa


Fecho da semana a Índices acionistas lateralizam junto a recordes, sobretudo os norte-americanos com maior peso das tecnológicas, mas persistem sinais de abrandamento económico.


A Microsoft manteve esta semana o estatuto de empresa mais valiosa do mundo, uma capitalização bolsista de quase 3,4 biliões de dólares, ou seja, cerca de 12,5% do PIB nominal dos EUA em 2023 de 27,36 biliões de dólares. A marketcapmais elevado da Microsoft antes da implosão das dotcom foi de 613 mil milhões de dólares no dia 27 de dezembro de 1999, correspondendo na altura a 6,4% do PIB nominal americano de 9,63 biliões de dólares. Há 25 anos a Microsoft era já uma gigante multinacional, com receitas de 20 mil milhões de dólares, tendo estas decuplicado até 2023, sendo hoje 0,8% do PIB nominal, mas em 2000 eram de apenas 0,2%. Em 1999 as receitas eram 30 inferiores ao valor de mercado da Microsoft, mas em junho de 2000 haviam descido para 10, com a implosão das dotcom, baixando gradualmente até 3 vezes em 2008, 2011 e 2012. Atualmente, voltou a superar os 15, a market cap face às receitas. Cisco, Intel, Microsoft e Hewlett-Packard eram bigcaps em 2000. É impossível identificar os picos e os mínimos do mercado em tempo real, mas haverá espaço limitado para novos movimentos ascendentes do índice S&P 500. No entanto, um ajustamento pode não ocorrer necessariamente no imediato, não devendo os investidores cortar ganhos, mas perdas, conscientes de que os múltiplos são elevados atualmente. De acordo com a Bloomberg, o máximo histórico nos 4816,35 pontos em 24 de março de 2000 do Nasdaq 100 só viria a ser superado em 15 de agosto de 2016 nos 4837,67. Hoje cota quase em 20 mil pontos.


O LEI (Leading Economic Index, calculado e publicado pelo Conference Board) atingiu 101,20 em maio, o valor mais baixo desde os 100,50 em abril de 2020. O LEI é um índice composto por vários indicadores económicos, tendo historicamente uma boa capacidade preditiva na antecipação de pontos de viragem no ciclo económico, prognosticando atualmente crescentes fragilidades económicas, mas, no entanto, a economia cresce, ainda que cada vez menos, e os mercados acionistas registam máximos históricos. O LEI atingiu o valor mais elevado em dezembro de 2021 nos 118,45 e desde então cai há 29 meses. Em mais de 60 anos, o LEI nunca esteve tanto tempo a cair desde o máximo sem existir uma recessão, tendo registado uma queda de 20 meses desde o pico antes da Grande Recessão de 2008/09, o maior período desde janeiro de 1959. Foram 10 meses antes da recessão em 2001, após a implosão das dotcom, 16 meses antes da recessão de 1991. Uma média de 10 meses nos últimos 65 anos. Os mínimos do LEI tendem a aparecer perto do final de uma recessão ou logo após o seu término. O LEI é composto por dez componentes: média de horas semanais de produção; média semanal de pedidos iniciais de subsídio de desemprego; novas encomendas dos fabricantes de bens e materiais de consumo; Índice ISM de novas encomendas; novas encomendas de fabricantes de bens de capital não relacionados à defesa, excluindo aviões; licenças de construção de novas habitações familiares; Índice acionista S&P 500; Índice de Crédito Líder; spread entre o rendimento das obrigações do Tesouro a 10 anos e a taxa de juro da Reserva Federal dos EUA; expectativas médias do consumidor em relação às condições de negócios.