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O 4Q2024 e o rendimento das ações e obrigações

A economia da Zona Euro deteriorou-se ainda mais no último trimestre de 2024. O sentimento económico, de acordo com a Comissão Europeia, caiu para 93,7 em dezembro, igualando o valor de setembro de 2023 e atingindo mínimos desde novembro de 2020. A confiança recuou nos setores industrial, retalho, construção e consumo, com melhorias apenas entre os prestadores de serviços. Entre as maiores economias da região, o Indicador de Sentimento Económico caiu acentuadamente na França (93,5) e na Alemanha (86,1). O eixo francoalemão segue cada vez mais fragilizado: a França enfrenta défices orçamentais acentuados e instabilidade política, enquanto a Alemanha registou, em 2024, o seu segundo ano consecutivo de recessão económica — algo que só havia ocorrido uma outra vez desde 1950, no início dos anos 2000. Neste contexto, a Alemanha tem eleições marcadas para fevereiro. Por outro lado, Portugal tem apresentado um desempenho positivo desde outubro de 2023, com o sentimento económico a fixar-se em 107, impulsionado pelo aumento da população empregada desde 2013, pelo dinamismo dos serviços — especialmente o turismo — e pela retoma do setor da construção.
Nos EUA, pelo contrário, a economia mantém-se resiliente. O GDP Now, publicado pela Reserva Federal de Atlanta, prevê um crescimento do PIB de 2,7% no quarto trimestre de 2024. Em dezembro, a taxa de desemprego desceu para 4,1%, tendo criado 256 mil novos postos de trabalho — o valor mais elevado desde março de 2024 —, evidenciando um mercado laboral robusto. Ainda em dezembro, a Reserva Federal dos EUA, no seu relatório trimestral, reviu a previsão de cortes de taxas de juro em 2025 para apenas dois, reduzindo os quatro anteriormente projetados em setembro. Apesar disso, os investidores do mercado monetário estimam agora apenas um corte nas taxas de juro da Fed em 2025, com 66% de probabilidade de ocorrer na reunião de 18 de junho. Há ainda uma hipótese de 15% de não haver cortes de juros ao longo de 2025. Por outro lado, as expectativas de inflação continuam em alta. O indicador da Universidade de Michigan antecipa uma inflação de 3,3% para 2025, acima dos 2,8% estimados em dezembro. Já o índice de preços no consumidor (IPC) subiu para 2,9% em dezembro, acima dos 2,7% registados em novembro, igualando o valor de julho e superando o mínimo de 2,4% observado em setembro, evidenciando uma tendência de alta nos últimos meses. Embora a recente subida do petróleo ainda não tenha impactado o IPC, existe a possibilidade de que venha a pressioná-lo nos próximos meses.
O aumento das taxas de juro de longo prazo tem sido impulsionado pela resiliência da economia norte-americana, sustentada por uma política orçamental expansionista, pelo dinamismo do setor tecnológico — sobretudo da IA —, pelas expectativas positivas em relação à nova administração Trump e pelo sólido desempenho dos mercados acionistas. Enquanto, o rendimento do S&P 500 é de 4,2% para um PER de 23,8, o rendimento do tesouro a 10 anos atingiu 4,80%, refletindo também pressões das contas públicas dos EUA e impulsionando a moeda americana. O fortalecimento do dólar representa um desafio para o BCE, ao dificultar reduções dos juros, além de pressionar a moeda chinesa, em mínimos de 16 meses.
Na China, o crescimento económico desacelera gradualmente, e a ameaça de deflação volta a pairar. Em dezembro, o IPC subiu apenas 0,1% em termos homólogos, reflexo da crise imobiliária e da retração no consumo e investimento. O governo chinês tem reforçado a política orçamental expansionista, assumindo um papel mais ativo em detrimento do setor privado — uma dinâmica semelhante à do Japão desde os anos 1990 —, mas os resultados têm sido insuficientes. O Banco Popular da China também adotou medidas adicionais, embora estas não tenham apresentado o impacto desejado. A "Japonização” da economia chinesa parece tornar-se uma realidade cada vez mais provável.
Paulo Monteiro Rosa, Economista Sénior do Banco Carregosa