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Optimus, o robô ‘Dono Disto Tudo’ da Tesla de Musk

Paulo Monteiro Rosa
Economista Sénior do Banco Carregosa
Na última semana, Elon Musk referiu que o robô humanoide Optimus impulsionaria consideravelmente a capitalização bolsista da Tesla para 30 biliões de dólares no futuro, mais de 50 vezes acima do seu atual valor, e tendo apenas 10% da quota de mercado. Nos últimos 35 anos, o PIB nominal norteamericano duplicou a cada 15 anos, tendo registado uma média de crescimento anual de 4,8% nesse período. Atualmente, a 18 de junho de 2024, a capitalização bolsista do S&P 500 é de 46 biliões de dólares, quase 70% acima do PIB nominal dos EUA em 2023. A última vez que o S&P 500 valeu mais que o PIB nominal dos EUA foi entre 1997 e 2000, tendo atingido o seu auge no final de 1999, quando o valor do S&P 500 superou o do PIB dos EUA em 35%. Seguiu-se uma queda de oito anos, causada pela implosão da bolha das ‘dotcoms’ e crise do ‘subprime’, e no final de 2008 o valor de mercado das 500 maiores empresas dos EUA era de apenas 55% do PIB nominal norte-americano. Desde 2017, o valor de mercado do S&P 500 superou novamente e definitivamente o PIB nominal norte-americano, estando hoje quase 70% mais alto. Há 4 palavras que nos acompanham sempre que uma bolha nos mercados acionistas vai aparecendo gradualmente: ‘this time is different’. Para os investidores a inteligência artificial (AI) justifica toda esta euforia dos mercados, apesar das elevadas taxas de juro, da dívida pública dos EUA acima dos 120%, das tensões geopolíticas e das dificuldades no imobiliário comercial. Musk tem acompanhado também esse entusiasmo dos investidores. Atualmente, Nvidia, Microsoft e Apple valem juntas mais de um terço do PIB dos EUA.
Imaginemos que a Tesla no futuro valeria 30 biliões de dólares e que tal montante corresponderia a 10% do PIB dos EUA. A uma taxa de crescimento anual de 4,8% (27,4 biliões de dólares x [1+0,048]^51 = 299 biliões de dólares), tal só seria possível em 2075, daqui por 51 anos. Em boa verdade, 51 anos é muito tempo e no "longo prazo estaremos todos mortos”. Ou a Tesla é a ‘Dona Disto Tudo’ nos próximos anos ou Musk estará errado. E num mundo cada vez mais polarizado e extremamente competitivo, dificilmente alguma empresa será monopolista, será DDT. E a sê-lo, é mais provável que seja asiática, à medida que se desloca a hegemonia e o nevrálgico da economia global para a China e para a Índia. Teria de valer boa parte do PIB nominal futuro. Há uma bolha no setor de IA a crescer, tal como nas dotcom. Além disso, estamos no campo da IA, uma ferramenta extremamente poderosa para estar nas mãos de algumas multinacionais, antecipando-se uma regulação cada vez mais apertada desta tecnologia, e na mão dos governos mais poderosos do mundo. A IA é uma arma poderosa no campo militar. Além disso, a IA é a mais recente e avançada tecnologia, e tal como todos os outros avanços tecnológicos é deflacionista, as receitas crescem via volume com preços cada vez menores. Das 10 maiores empresas norte-americanas de 2000 apenas uma continua nesse top, a Microsoft. Será a Tesla a Microsoft daqui por 50 anos?
No século XIX, as empresas de caminhos de ferro nos EUA lideravam a capitalização bolsista, respondendo direta e indiretamente por boa parte dos negócios e das fortunas. Todas as cidades e grandes vilas do país ligadas pelo caminho de ferro impulsionariam incomensuravelmente as vendas de todos, pensariam muitos na altura, um raciocínio análogo ouviríamos mais de 100 depois, antes da entrada no séc XXI, de que a internet permitiria a qualquer loja de uma pequena vila vender no mercado global, multiplicando ilimitadamente as suas vendas. Agora uma robusta rede de caminhos de ferro unia todos os EUA, e todos teriam um país inteiro para vender as suas mercadorias, justificando, assim, as valorizações de muito negócios alavancados pelos caminhos de ferro. Também muitas pessoas nessa altura devem ter dito: ‘this time is different’. Há atualmente o argumento de que as grandes empresas tecnológicas entregam resultados, justificando assim as recentes valorizações, ao contrário do período das dotcoms de 1995 a 2000 em que os resultados de muitas empresas tecnológicas não suportavam as suas cotações. No entanto, as maiores empresas como a Microsoft, General Electric, Cisco, Intel e Nokia também entregavam resultados em 1999 e 2000. É certo que as valorizações de hoje das empresas tecnológicas, sobretudo das big 6 (Apple, Nvidia, Microsoft, Alphabet, Amazon e Meta) ainda são relativamente justificadas pela sua entrega de resultados, explicando as suas cotações, mas a grande dificuldade é saber se continuam a entregar crescimentos das receitas e dos lucros nos próximos 20, 30, 40 anos ou 50 anos, tal como as suas cotações refletem. Seriam suficientes um ou dois anos de quedas de 10% das receitas, para diminuir as margens em 20 ou 30 pontos percentuais e os lucros em 50 ou 60 pontos, um cenário que faria implodir as cotações de algumas empresas, ou seja, ‘this time is not different’, e este mercado está cada vez mais vulnerável a um forte abrandamento económico, sendo uma recessão o rastilho da correção.