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Taiwan, a Ucrânia asiática?

Morris Chang, fundador da TSMC, deixou a China rumo aos EUA em 1949, ano da fundação da República Popular da China e da chegada ao poder de Mao Tsé-Tung. Nos EUA, Chang estudou em Harvard e no MIT, e trabalhou numa fábrica de microchips da Texas Instruments. A empresa de semicondutores de Dallas apercebendo-se das suas capacidades financiou o seu doutoramento e deu-lhe gradualmente mais responsabilidades. Entretanto, Chang percebeu que os microchips são provavelmente a coisa mais difícil de fabricar no mundo, requerendo máquinas complexas e caras, mas todas as empresa tecnológicas, tal como a Texas Instruments, teimavam na altura em gastar dinheiro, tempo e esforço para descobrir como gerir eficientemente fábricas internas de microchips. Chang achava que estas se deveriam concentrar nos projetos dos seus microchips e terceirizar o seu fabrico. Embora a Texas Instruments não tenha visto a visão de Chang, Taiwan viu.
O governo de Taiwan desafiou Chang para construir uma empresa que tornaria Taiwan a capital mundial dos microchips – o local onde todas as empresas tecnológicas vão para fabricar os seus chips. A TSMC não iria projetar um microchip perfeito, mas, em boa verdade, iria projetar a fábrica de microchips perfeita, nascendo a Taiwan Semiconductor Manufacturing Company (TSMC), sob a liderança de Chang. Os chips são o novo "petróleo” do século XXI, alimentando quase tudo, desde telemóveis a carros elétricos, representando cerca de 15% do PIB de Taiwan de acordo com o governo local. Este país do sudeste asiático produz mais de 60% dos semicondutores do mundo e mais de 90% dos mais avançados. A maioria é fabricada por uma única empresa, a TSMC, que fabrica chips projetados por outras empresas, sendo considerada uma fabricante de chips contratada/fundição pura. É a maior fabricante terceirizada de chips do mundo e perde apenas para a Samsung em termos de capacidade geral de silicon wafers. A TSMC realiza a fundição de semicondutores (também conhecida como fab), ou seja, a função da empresa taiwanesa é implantar sobre os wafers os chips (circuitos integrados) projetados, desenhados e requisitados pelos seus clientes fabless (sem fábrica para realizarem essa tarefa), utilizando nesse processo uma máquina de litografia fabricada pela ASML. (Os wafers servem de base aos chips). Os avanços tecnológicos da TSMC são tão relevantes que esta continua a desafiar e a superar a Lei de Moore, a qual afirma que os transístores reduzem em 50% de tamanho a cada dois anos, ou seja, o número de transístores num circuito integrado duplica a cada 2 anos. Os principais clientes da TSMC são as fabricantes de chips tais como Broadcom, Qualcomm, Intel, AMD.
Algumas das maiores tecnológicas dos EUA, incluindo Apple, Amazon, Google, Nvidia e Qualcomm, dependem de fabricantes terceirizados sediados em Taiwan para quase 90% dos seus chips, sendo a TSMC a principal.
A indústria de semicondutores é conhecida como o "Silicon Shield” de Taiwan, sendo muito importante para a independência de Taiwan, dando ao mundo, sobretudo às economias avançadas, um grande motivo para defender a ilha. Contudo, os chips são a indústria mais afetada pela guerra tecnológica entre EUA e China e gradualmente essa proteção (esse "Silicon Shield”) está a ser transferido para o exterior, nomeadamente para os EUA. Em dezembro, a TSMC realizou uma cerimónia de abertura de uma fábrica de chips (ou "fab”) no Arizona (em 2024 ou 2025), marcando presença no evento Joe Biden, Tim Cook da Apple e o fundador da TSMC, Morris Chang. Chang referiu mesmo que a TSMC iria triplicar o seu investimento no Arizona para 40 mil milhões de dólares, abrindo uma segunda fábrica em 2026 e produziria chips de três nanómetros nos EUA, atualmente os mais avançados. Biden quer evitar uma guerra, trazendo para dentro de portas a produção de chips. A Lei de Inovação Bipartidária (BIA), Bipartisan Innovation Act, o CHIPS-Plus e, por fim, o CHIPS e Lei da Ciência destinou 52 mil milhões de dólares em subsídios para o fabrico de semicondutores e pesquisa e desenvolvimento associados. No entanto, Chang apesar de aprovar o projeto vê este processo como um recuo na globalização, um retrocesso no livre comércio e uma ameaça à integridade do seu país e à paz mundial. O mundo está cada vez mais bipolarizado. Se de um lado temos as economias ditas avançadas, alicerçadas em democracias mais ou menos livres, mas no respeito pelo ser humano, agora conhecidas também como o "Ocidente” (fazendo parte países como a Coreia do Sul, o Japão e a Austrália), do outro lado temos o "Sul Global”, formado pelos BRICS e demais países da América Latina, África e Ásia. De um lado temos democracias e do outro autocracias. O bem maior é a liberdade com responsabilidade, é a liberdade baseada no respeito pelo próximo. No Ocidente o conceito de liberdade pode não ser perfeito, mas o Estado existe para servir o indivíduo. No Sul Global o indivíduo existe para servir o Estado e o conceito de liberdade é uma quimera. Se a defesa da Ucrânia pelo Ocidente representa a luta pela liberdade na Europa, o combate intransigente do Ocidente pela independência de Taiwan simboliza os valores da liberdade no Sudeste asiático. Espinosa afirmava que no mundo existiam três tipos de pessoas, os autocratas, os obedientes (subservientes ou submissos) e os sacerdotes para gerirem a relação entre os dois primeiros… assim vai o nosso mundo.