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Vamos falar sobre poupança

Portugueses poupam pouco face a média europeia
Rendimento mensal curto e remunerações dos produtos financeiros pequenas contribuem para esta tendência. Mas nível de poupança vai variando consonante a época. Economistas ouvidos pelo i defendem medidas que estimulem esta prática.
A taxa de poupança das famílias portuguesas não chegou a atingir os 10% no segundo trimestre de 2024, mas ainda assim, renovou máximos desde o quarto trimestre de 2021, revelam os últimos dados do Instituto Nacional de Estatística (INE). É certo que fica aquém da média dos países da zona euro, em que a taxa de poupança se situou nos 15,3% no primeiro trimestre e de 15,7% no segundo trimestre, avançou o Eurostat.
Mas o comportamento dos portugueses vai variando, como chama a atenção a Deco, ao admitir que geralmente poupam nos momentos difíceis. "Já neste século, salientamos que foi nos momentos difíceis, de crise, que os portugueses apertaram o cinto e aumentaram a sua reserva de poupança. Em 2002, a taxa de poupança chegou a 13,9%, quando o país sofreu a primeira crise do euro. Destacamos ainda a crise financeira do subprime em 2009 (11,6%) e, mais recentemente, o período da pandemia de covid-19, quando os níveis de poupança atingiram 13,8%, no final de 2020”, salienta.
Ao i, João César das Neves afirma que apesar destas variações, a taxa de poupança é muito baixa: "É verdade que está a subir e que antes as taxas de juro não ajudavam, mas continua muito abaixo dos nossos parceiros europeus, que têm as mesmas taxas”. O economista nota que temos a segunda taxa de poupança mais baixa dos quinze, logo a seguir à Grécia. "As recentes melhorias pouco mudaram a situação”.
Também Paulo Monteiro Rosa, economista do Banco Carregosa, considera que o nível de poupança ainda é baixo para garantir a segurança financeira das famílias no longo prazo. "O nível de poupança dos portugueses tem andado à volta dos 6% ou 7% do rendimento disponível, apesar de no primeiro semestre de 2024 ter subido para quase 10%, impulsionado pelas taxas de juro mais elevadas, estimulando a poupança em detrimento do consumo. Também em 2020, as restrições à circulação afetaram o consumo, tendo contribuído para elevar o nível de poupança nesse ano para quase 15%. Em Portugal a propensão à poupança é baixa, sobretudo quando comparada com a média da Zona Euro de cerca de 14%”, refere ao nosso jornal.
E lembra que, historicamente, Portugal apresenta uma taxa de poupança inferior a outros países europeus, explicada por fatores económicos e culturais, como rendimentos médios mais baixos que as restantes economias da União Europeia, excetuando em parte os países de Leste, bem como encargos elevados com habitação e consumo, a que se junta uma cultura financeira que tende a valorizar menos a poupança de longo prazo. "Embora as famílias portuguesas tenham poupado um pouco mais recentemente, tal como evidenciado na subida do nível de poupança no primeiro semestre de 2024, talvez devido a incertezas económicas e ao aumento do custo de vida, ainda existe uma vulnerabilidade financeira específica em Portugal, um país com uma economia aquém das economias mais avançadas da Europa, um PIB per capita mais baixo, não permitindo salários mais elevados que que proporcionem taxas de poupança mais altas”, salienta.
Face a este cenário, o economista chama a atenção para o facto de ser considerada "normal a existência de um Estado mais paternalista, garantindo as pensões dos portugueses na velhice, tendo custos acrescidos a nível fiscal. Seriam importantes iniciativas financeiras de educação financeira e de incentivo à poupança, além de possíveis reformas que possam aliviar os encargos sobre o rendimento disponível, permitindo que mais portugueses consigam poupar”. E acrescenta que "embora o nosso país possa não ter uma forte cultura de poupança em depósitos bancários, liquidez ou investimentos no mercado de capitais (como obrigações e ações) para atender às necessidades financeiras, é um dos países com maior taxa de habitação própria, o que também constitui uma forma de poupança, apesar da menor liquidez associada”.
Mais crítico é Eugénio Rosa, ao defender que o nível de poupança em Portugal é muito baixo "devido aos baixos rendimentos da população portuguesa, ao desemprego real que é muito superior ao desemprego oficial, à elevada desigualdade salarial entre homens e mulheres, que se prolonga na reforma o que determinava que, em 2023, a pensão média de velhice das mulheres correspondesse apenas a 57% do valor da pensão média de velhice dos homens”.
VARIAÇÕES Eugénio Rosa lembra, no entanto, que se analisarmos a evolução da taxa de poupança no nosso país ao longo dos anos, constatamos variações importantes, o que reflete preocupações e a situação das famílias ao longo do tempo. "Em 2012, ou seja, quando a troika entrou em Portugal, a taxa de poupança era 9,8%, mas quando saiu, em 2015, a taxa de poupança tinha baixado para apenas 7,4%, o que leva à conclusão que a política de austeridade violenta imposta ao país pelo Governo PSD/CDS/troika tenha obrigado as famílias a recorrerem as suas baixas poupanças para sobreviver e fazer face às dificuldades criadas por essa política”.
O economista lembra ainda que, em 2019, a taxa de poupança em Portugal era apenas de 7%, mas em 2020, com a pandemia, os gastos e as restrições das famílias diminuíram significativamente, e a taxa de poupança em Portugal atingiu, pela primeira vez, 12,1% (na UE.:18,2%; na Zona Euro: 19,3%). "A partir desse ano, e como consequência do aumento enorme da taxa dos juros do crédito à habitação e da inflação, a taxa de poupança começou a diminuir de uma forma rápida, já que as famílias foram de novo obrigadas a recorrer às suas poupanças para ou amortizar créditos que tinham obtidos da banca cujas taxas de juros atingiram valores incomportáveis ou então para fazer face ao disparar da inflação”.
COMO INCENTIVAR João César das Neves acredita que muito se poderá fazer para estimular o aumento da taxa de poupança e deixa um alerta: "Melhor do que medidas avulsas era preciso começar por resolver os vários graves problemas estruturais do nosso sistema financeiro”. E adianta: "A economia portuguesa está apática, com poucas oportunidades, devido aos estrangulamento que o Estado e a sociedade criam sobre ela. Por isso, o mais razoável são depósitos e dívida do Estado como os portugueses estão a fazer. Se quiser mais rendimento, coloque as poupanças lá para fora, o que hoje felizmente é mais fácil de fazer”.
Já para Paulo Rosa, uma das principais medidas de incentivo de poupança passaria por apostar na redução da carga fiscal sobre o rendimento disponível, incluindo sobretudo os salários, mas também outros rendimentos, como os de capitais, compensada por um aumento dos impostos sobre o consumo para evitar perdas de receita fiscal. "Dessa forma, estimular-se-ia a poupança ao disponibilizar mais rendimento para as famílias, enquanto se penaliza o consumo. Paralelamente, é fundamental desenvolver uma economia mais resiliente e produtiva, com custos energéticos mais baixos e produção de bens e serviços de elevado valor acrescentado, possibilitando mais rendimento e, consequentemente, uma maior propensão à poupança”.
Também Eugénio Rosa dá cartão vermelho aos incentivos - que, no seu entender, são praticamente inexistentes. "Os depósitos a prazo na banca têm na maioria taxas negativas, pois as taxas pagas pelos bancos são normalmente inferiores à inflação a que se junta em muitos casos comissões de gestão. E há os problemas de segurança. É certo que há um fundo de garantia que garante os depósitos até 100 mil euros, no entanto, se analisarmos o seu relatório e contas de 2023 constamos que para garantir 176168 milhões de depósitos bancários, o Fundo de Garantia tinha apenas 1725 milhões, o que correspondia apenas a 0,98% do volume de depósitos”.
O mesmo cenário repete-se, segundo o economista nos Planos Poupança Reforma (PRR) e nos Certificados de Aforro. "Os PPR estão reduzidos a uma sombra do que eram. A redução máxima no IRS pago varia entre 300 e 400 euros para aplicações mínimas de 1500 e dois mil euros. Também os Certificados de Aforro que durante algum tempo fomentaram a poupança com taxas que atingiam 3,5% a que se somava prémios de permanência revelando-se um bom instrumento para incentivar a poupança - entre 2022 e 2023, as aplicações subiram de dois mil para três mil milhões - foram alvo de mudança depois de Fernando Medina ter cedido às pressões da banca que não queria aumentar a taxa de juros pagos pelos depósitos a prazo, pois isso afetaria os seus enormes lucros, ao diminuir a taxa dos certificados de aforro para 2,5%, o que determinou que o volume destes caíssem”. E acrescenta: "A experiência mostrou que estes dois instrumentos - PPR com maiores deduções de IRS e não limitado por outros incentivos e Certificados de Aforro com taxa de juros e montantes mais elevados e com prémios de permanência podem estimular a poupança em Portugal mesmo com os baixos rendimentos dos portugueses. Mas isso parece não ser preocupação do Governo de Luís Montenegro”, conclui.
POUPAR:
QUAIS OS MELHORES PRODUTOS E OS CUIDADOS A TER
Mais de 60% dos portugueses só consegue poupar menos de 10% do seu salário líquido e 38% guarda nem 5% do que recebe, segundo o estudo "Consumer Sentiment Survey 2024” da Boston Consulting Group (BCG). Mas para aqueles que pretendem aplicar o salário extra de setembro e outubro, fruto das alterações das tabelas de IRS, ou para quem pretende rentabilizar uma parte ou a totalidade de algum dos subsídios, o / fez uma pesquisa dos vários produtos em que pode aplicar o seu dinheiro. Se para aqueles que são muito propensos ao capital garantido e avessos ao risco é possível encontrar várias soluções no mercado também para os quem preferem arriscar é possível optar por alternativas.
Mas não se esqueça que um fundo de emergência para o curto prazo e um complemento para a reforma são dois tipos de poupança que deve ter.
Depósitos a prazo
A sua simplicidade é uma das vantagens e aliado a isso há que contar com a subida da remuneração oferecida por este produto de poupança. A taxa de juro dos novos depósitos a prazo tem vindo a descer fruto da redução das taxas diretoras por parte do Banco Central Europeu (BCE). De acordo com os últimos dados divulgados pelo Banco de Portugal, a taxa de juro média dos novos depósitos a prazo de particulares voltou a diminuir em setembro, fixando-se em 2,55%. Tratase da nona queda consecutiva, com uma redução de 0,02 pontos percentuais face ao mês anterior, e é também o valor mais baixo desde setembro do ano passado. Mas apesar da descida da remuneração, o montante de novas operações de depósitos a prazo de particulares aumentou ligeiramente, totalizando 11.603 milhões de euros em setembro, mais 40 milhões de euros do que em agosto. De acordo com a Deco Proteste, ainda vale a pena investir neste produto de poupança, mas exige cuidados. "Deve procurar sempre as melhores ofertas do mercado e uma taxa superior à da inflação esperada para esse ano, de forma a garantir rendimento real positivo, ou seja, acima de 2,8% bruta. A maior parte das propostas com este rendimento são de bancos mais pequenos, online e de capital estrangeiro, com especial destaque para contas promocionais de curto prazo para captar novos clientes ou novos capitais. Devem ser privilegiados os depósitos por prazos um pouco mais longos (12 ou 24 meses) de forma a garantir que se recebe a remuneração durante um período que se antevê como de descida das taxas de juro”. É certo que o capital está garantido e a liquidez é imediata. E se não existe nenhuma aplicação financeira que esteja 100% isenta de risco, também é verdade que há aplicações que comportam um risco maior do que outras. Se analisarmos a escala de risco dos vários produtos financeiros disponíveis para os aforradores e investidores, os depósitos estão entre as aplicações mais seguras e, no pior cenário e se o banco falir, os clientes podem recorrer ao Fundo de Garantia de Depósitos até 100 mil euros por banco e por titular.
Certificados de aforro e CTPC
Até há pouco tempo, os Certificados de Aforro foram os campeões na atração das poupanças, mas em junho do ano passado o Governo mudou as regras, tornando este produto menos atrativo e, tal como acontece com os depósitos, também aqui a remuneração cai com a descida das taxas de juro. A série F apresenta atualmente uma taxa de juro de 2,5%, com a possibilidade de aumentos através de juros trimestrais e prémios de permanência, que podem adicionar até 1,75% ao retorno. O investimento mínimo é de apenas 100 euros, com montantes de reforço a partir de 10 euros.
Recentemente, o teto máximo para a subscrição dos Certificados de Aforro da série F foi elevado de 50 mil euros para 100 mil euros por aforrista. Para quem possui Certificados das séries E e F, o limite acumulado aumentou de 250 mil euros para 350 mil euros. Esta alteração reforça a atratividade do produto, especialmente em um contexto onde as taxas de juro dos depósitos a prazo estão a diminuir. A verdade é que o valor médio diário de subscrição dos Certificados de Aforro mais do que duplicou (150%) com a entrada em vigor das novas regras que aumentaram os limites das condições de comercialização, segundo informação divulgada pelos CTT.
Outra alternativa são os Certificados do Tesouro Poupança Valor (CTPV). O prazo é de sete anos a partir da data em que os subscreve. Só não pode resgatar o dinheiro durante o primeiro ano. Depois, pode resgatar a qualquer momento, seja na totalidade ou só uma parte. Recebe 0,7% nos dois primeiros anos, subindo para 0,8% , 0,9% e 1 % nos anos seguintes, e no sexto e sétimo ano oferecem uma remuneração de 1,3% e 1,6% bruta. Os dois produtos são instrumentos de dívida pública com capital garantido, o que significa que o dinheiro só estaria em risco se o Estado Português entrasse em falência.
Obrigações do Tesouro
Até há bem pouco tempo, adquirir Obrigações do Tesouro (OT) era um bom negócio, já que era uma das formas mais rentáveis de aplicar as poupanças de médio ou longo prazo com capital garantido. Mas se, em 2016, as OT ganharam uma nova vida quando o Estado lançou as Obrigações do Tesouro de Rendimento Variável (OTRV), o produto foi perdendo atratividade e, com isso, aumentou a tendência de desinvestimento que as famílias portuguesas tinham vindo a traçar em títulos de dívida.
Como funcionam? Ao comprar obrigações está a emprestar dinheiro a quem as emite (empresas, estados e outras entidades), que lhe paga uma remuneração por esse dinheiro. Quanto ao risco, é semelhante ao dos certificados, ou seja, só há risco de perder capital se o Estado entrar em incumprimento.
Plano Poupança Reforma
A principal vantagem dos PPR era o benefício fiscal que proporcionavam, pois permitiam deduzir 20% das entregas anuais efetuadas até 300, 350 ou 400 euros, consoante a idade do subscritor. Mas as regras mudaram: os limites são em função da idade (400 euros até aos 35 anos, 350 euros entre os 35 e os 50 anos ou 300 euros para quem tenha mais de 50 anos), conjugados com os limites das deduções totais à coleta.
A maioria dos PPR têm capital garantido, por isso, o perfil de risco é moderado. A possibilidade de resgatar este produto mais cedo do que estava previsto está a tomá-lo menos apetecível.
Para subscrever o seu PPR poderá fazer ou uma entrega de dinheiro única (a totalidade do que pretende subscrever) ou uma entrega inicial e reforços periódicos, que podem ser mensais ou trimestrais, por exemplo. Pode começar por valores mais baixos e aumentá-los posteriormente, quando tiver maior disponibilidade financeira - o facto de permitir entregas regulares e de quantias pequenas é aliás outra das vantagens dos PPR. É também possível transferir facilmente o Plano Poupança e Reforma que subscreveu para outro produto financeiro que venha a considerar mais vantajoso.
Bolsa
O investimento direto na bolsa ainda assusta muitos portugueses. Pode representar um negócio rentável, mas o risco é sempre mais elevado em relação aos outros produtos de investimento. O investidor pode fazer a compra individualmente, quando escolhe diretamente as ações que deseja, ou através de fundos de ações, ao adquirir unidades de participação de um destes instrumentos. Os especialistas aconselham os interessados a fazer este investimento a prazo (pelo menos, a cinco anos), para ultrapassarem as flutuações do mercado.
Qual a melhor solução para aplicar o seu dinheiro? O melhor é ir investindo de forma periódica e regular. A tendência dos mercados financeiros é para valorizarem a longo prazo. O investimento periódico e regular permite ainda expurgar os efeitos da emoção no investimento. Não vale a pena tentarmos adivinhar o melhor momento para investir.
Não se esqueça, no entanto, de que em momentos de maior incerteza devemos evitar o investimento num determinado ativo. O foco deverá passar por uma estratégia diversificada, apostando em vários ativos e, eventualmente, em classes de ativos distintos.
Não se esqueça da regra de "dividir para reinar”: ao escolher títulos de diferentes países e setores, consegue reduzir as flutuações do investimento.
Tenha em conta o intermediário financeiro: uma opção acertada pode significar uma poupança de muitos euros, pois a eleição do melhor intermediário financeiro depende do seu perfil de investidor.
Ouro
O ouro continua a ser visto como um bom investimento de refúgio no caso de uma grave crise mundial e de colapso do sistema financeiro. No entanto, esta vantagem só se aplica ao metal em termos físicos, já que, no que toca ao investimento em produtos financeiros associados ao ouro (fundos, ETF, entre outros), é preciso ter em conta que a cotação desta matéria-prima é extremamente difícil de prever.
Há ainda outras desvantagens que estão associadas ao seu potencial de valorização e à especulação no mercado. E, ao contrário do que possa pensar, quando decidir vender as barras, nada garante que ganhe dinheiro. Se considerarmos as comissões e as margens praticadas pelos bancos, a perda será ainda mais agravada. É muito provável que, mesmo num período de subida da cotação internacional do ouro, não consiga um melhor preço pelas barras, dado o diferencial que existe entre o valor da venda e o da compra.
Mas, independentemente da forma escolhida para investir no metal precioso - desde tê-lo nas mãos, comprando moedas e barras ou investindo em produtos financeiros com exposição ao ouro -, o investidor deve ter sempre em consideração o horizonte temporal, que deve ser encarado numa perspetiva de longo prazo, e as perdas potenciais do investimento, já que, numa perspetiva de curto prazo, o ouro pode perder algum do seu brilho.
Fundo de emergência
O primeiro passo é eliminar os gastos excessivos. Não há nenhuma fórmula mágica para ter as contas equilibradas e conseguir poupar. Ou ganha mais ou gasta menos. Como, nas finanças pessoais, nem sempre é fácil aumentar os rendimentos, há que controlar os custos. Depois de fazer o mapa de receitas e despesas, deve procurar identificar os gastos desnecessários que podem ser reduzidos ou eliminados sem que isso afete o seu bem-estar. Veja quanto pesam no seu orçamento. Pode estar aí a resposta para o facto de não poupar ou poupar pouco. O ideal é anotar todas as dívidas (quanto falta pagar, prestação, prazo e juros) e defina as que quer eliminar. Deve começar pelas dívidas com os juros mais altos. Se a curto prazo não vê qualquer possibilidade de eliminar ou reduzir dívidas, a sua capacidade de desendividamento é baixa.
Aproveite os rendimentos extra para reduzir o peso das dívidas. Mas para avaliar a sua condição financeira é indispensável que saiba se está prevenido contra imprevistos. Seja o desemprego, seja uma baixa ou outra situação de emergência, há imprevistos que podem representar um descontrolo total no orçamento. Faça a pergunta: se deixasse hoje de trabalhar, por exemplo, por ficar desempregado, quantos meses conseguiria sobreviver mantendo o mesmo nível de despesas? O ideal é ter um fundo de emergência (em ativos líquidos) que lhe permita viver pelo menos seis meses com o mesmo nível de despesas - ou seja, se tem 500 euros de despesas mensais, deverá ter um fundo de emergência de três mil euros.
SÓNIA PERES PINTO
sonia.pinto@ionline.pt
Quer poupar? Siga estes pequenos truques
Para muitos e palavra "poupar” está associada a um sentimento negativo ou a uma tarefa impossível. Mas há pequenos passos que ao final do ano podem fazer toda a diferença.
Nem sempre é fácil pôr algum dinheiro de lado com vista à poupança, mas adquirir novos hábitos poderá fazer toda a diferença para chegar ao final do mês com algum valor extra sem fazer grandes esforços financeiros e sem ser obrigado a privar-se de tudo o que gosta. A primeira regra de ouro passa por estabelecer um orçamento familiar, pois assim só conta com o dinheiro que tem disponível. Não só consegue evitar gastos desnecessários como, acima de tudo, evita viver acima do que ganha.
A verdade é que muitas famílias portuguesas, nos últimos anos, foram obrigadas a mudar o seu dia-a-dia e passaram a tomar decisões de forma mais equilibrada para tornarem a sua vida mais fácil.
Alguns truques já são usados pelos consumidores há algum tempo, mas há pequenas soluções pelas quais pode optar e que às vezes são esquecidas (ver caixas). E pequenos gastos diários que podem parecer insignificantes mas que, no fim do mês, fazem toda a diferença. É o caso do pequeno-almoço fora. Mas vamos a números: gastar 3,5 euros por dia numa pastelaria parece pouco, mas ao final do mês - tendo em conta apenas 22 dias úteis - traduz-se num gasto de 77 euros. No fim do ano, já estamos a falar de uma despesa superior a 924 euros. E até evitar um simples café na rua poderá traduzir-se numa poupança na ordem dos 22 euros.
A verdade é que seria desejável que esses cortes fossem aplicados de forma mais geral. Por exemplo, tentar pôr de lado o preconceito e começar a levar almoço para o trabalho, reduzindo ao mesmo tempo os jantares fora. Vai ver que, no fim do mês, esses valores que conseguiu poupar vão fazer toda a diferença.
Feitas as contas, a alimentação representa uma das maiores fatias de qualquer orçamento mensal. Embora não possamos - nem queiramos - deixar de comer, esta é uma área onde é muito fácil poupar. Aprenda a planear os seus menus semanais, pesquise receitas económicas e, acima de tudo, não deite comida fora, pois pode aproveitá-la para o almoço do dia seguinte, por exemplo.
Outro truque usado por muitos consumidores passa por aproveitar as épocas de saldos para comprar os produtos e peças de vestuário desejados. Há lojas que oferecem reduções que podem chegar aos 70%. Por outro lado, evite comprar a roupa toda de uma vez e, sempre que possível, divida as compras e os gastos com o vestuário por meses e por cada pessoa do agregado familiar. Ou seja, se este mês comprou roupa para si, só no próximo mês é que deve comprar para os restantes elementos do agregado familiar.
Outro truque que está na moda é o desafio das 52 semanas. Na primeira semana começa por poupar um euro, na seguinte aumenta para dois euros, na terceira passa para três euros e assim consecutivamente, até que na 52.ª e última semana do desafio, poupa 52 euros. Se mantiver o ritmo, quando chegar ao final terá conseguido colocar de lado 1378 euros quase sem se dar conta. À medida que vê a poupança crescer e percebe que tem essa capacidade de aforro, aumenta também a sua motivação, um fator fundamental para conseguir poupar a longo prazo. Mas também é certo que se poupar um euro na primeira semana ou dois na segunda semana é simples e pode estar ao alcance de qualquer um, à medida que o desafio avança e o valor semanal também, pode sentir dificuldades acrescidas para concluir a missão com sucesso. Por isso, há quem opte por cumprir o desafio ao contrário: começa do valor mais elevado para o mais reduzido e pode aproveitar um mês em que tenha mais disponibilidade financeira, por ter recebido o subsídio de Natal ou de férias, para começar a amealhar.
FÉRIAS Não é só no dia-a-dia que as despesas têm de ser vistas à lupa. O planeamento das férias não pode ficar para segundo plano. Organizar a viagem com antecedência pode traduzir-se numa poupança significativa. Quem não consegue plane ar a sua vida "a tempo e horas” pode optar por viajar em companhias de baixo custo (lom-cost) ou pelas ofertas de última hora. Neste último caso, deve ter flexibilidade nas datas. Pode também optar por comprar as viagens pela internet - por vezes, conseguem-se boas promoções.
GERIR O ORÇAMENTO
• Planeie todas as despesas.
• Reduza os consumos em casa e nas compras. Pequenas despesas que parecem insignificantes podem representar uma quantia considerável do orçamento.
• Crie uma espécie de dossiê: recolha todas as faturas, insira os rendimentos, divida as despesas em fixas e variáveis e calcule tudo. Se tiver um total de despesas mais elevado do que os rendimentos vai ter de mudar de estilo de vida.
Casos
Algumas soluções para poupar no dia-a-dia
01 Casa Há sempre pequenos truques para poupar nas contas da água, da luz e do gás. Utilize lâmpadas fluorescentes e economizadoras, desligue sempre os aparelhos - em modo de standby gastam energia. Faça uma simulação no site da ERSE ou da Deco para verificar que tarifário mais se adequa ao seu caso. Deve também mudar alguns hábitos - duches rápidos, por exemplo - e optar por instalar dispositivos mais eficientes em torneiras, chuveiros e autoclismos, pois permitem poupar, por família, até 300 mil litros de água por ano.
02 Alimentação Uma ida ao supermercado pode representar um verdadeiro problema quando se cede às tentações. Para que isso não aconteça, pode seguir algumas regras de ouro. Leve sempre uma lista dos produtos de que precisa, evite ir às compras quando tem fome e opte sempre que possível por marcas brancas. Tente não levar crianças e não se esqueça de olhar para as prateleiras de cima para baixo. Vai ver que, no momento de pagar, estas pequenas diferenças podem representar uma poupança significativa. Tenha também em conta o local. A Deco Proteste disponibiliza no seu site um comparador de preços em supermercados e para determinar os preços mais baixos tem conta os índices de preços do cabaz completo, composto por mais de duas centenas de produtos. A informação sobre o top dos supermercados mais baratos é atualizada a cada quatro meses. O consumidor pode ainda selecionar os produtos do supermercado que pretende adquirir e saber quais os supermercados que oferecem o preço mais competitivo para cada um dos produtos.
03 Banca e seguros O crédito à habitação representa, para a maioria dos portugueses, uma despesa pesada e é sempre desejável baixar a prestação. Para isso, pode renegociar o spread com o banco ou pedir um alargamento do prazo. Esta última opção implica sempre pagar mais juros. Se tiver algum dinheiro extra, pode sempre optar por amortizar o crédito. No caso de ter vários empréstimos, pode consolidá-los num só. Cuidado com os cartões de crédito: representam uma tentação perigosa. Já em termos de seguros, contrate apenas as coberturas de que precisa e analise muito bem a oferta. Pode também optar por um mediador, onde é possível obter descontos até 20% num pacote.
04 Ginásios Gaste apenas se tirar proveito. Se é daquelas pessoas que pagam para não ir, então é melhor cancelar a inscrição. Cerca de 50 euros ao final do mês podem fazer muita diferença. Pode sempre optar por fazer exercício em locais públicos, onde não paga nada.
05 Telecomunicações Comece por verificar se o tarifário do telemóvel se adequa às suas necessidades. As operadoras têm vindo a apostar em tarifas que permitem chamadas gratuitas para clientes da mesma rede ou x minutos grátis independentemente do operador, mediante o pagamento de uma mensalidade. Pode recorrer ao simulador disponível no site da ANACOM para verificar qual é o melhor tarifário. Há também soluções alternativas, como o Skype e o VolP. Em termos de televisão por subscrição, analise muito bem a oferta e tente aproveitar as promoções. Subscreva apenas os canais que sabe que vai ver.
06 Transportes Opte por utilizar os transportes públicos. Vai ver que, ao final do mês, além de poupar alguns trocos, consegue evitar verdadeiros ataques de nervos. Os que não passam sem carro podem optar por parti l há-lo. Dividir custos pode ser uma alternativa. Modere a utilização do ar condicionado e adote uma condução que permita reduzir o consumo.
07 Poupança Os que são menos adeptos da poupança podem tentar juntar um euro por dia - no final do ano terão 365 euros. Aqueles para quem esta tarefa não parece uma missão impossível podem recorrer a vários produtos de poupança. A oferta é variada. É só escolher o nível de risco pretendido e selecionar o que mais se adequa às necessidades de cada um (ver páginas 4/5). Não se esqueça da sua reforma. Há várias soluções para aplicar as poupanças de forma a assegurar um melhor rendimento depois de abandonar a vida ativa. Sempre que possível levante dinheiro, pois ao utilizar o cartão de crédito ou de débito, nem sempre tem noção do dinheiro que gasta, sendo mais fácil descontrolarse. Ao ver o dinheiro na carteira, tem uma noção mais clara da quantia que já gastou.
08 Cartões de desconto Utilize os cartões e os talões de desconto. Pode parecer pouco significativo, mas sempre são alguns euros que consegue poupar.
SÓNIA PERES PINTO
sonia.pinto@ionline.pt
Poupar. "Com a minha avó aprendi: Usa o que tens, faz o que podes!
São cada vez mais as pessoas que mudam de hábitos para conseguir poupar dinheiro. Foi o caso de Joana Jorge e Joana Rocha que, por motivos diferentes, tiveram de rever os seus gastos. O i conta-lhe algumas das suas mudanças.
Trocar o carro por uma trotinete elétrica, deixar de fumar, de beber café na rua ou de comer em restaurantes. Começar a preparar a comida dos animais de estimação em casa, iogurtes, massa, desidratar fruta, apostar numa horta, comprar roupa em segunda mão, vegetais e carne no comércio local, deixar de subscrever plataformas de streaming, começar a cortar o cabelo em casa, apostar em marmitas... Usar apenas um tacho para, na hora de lavar a loiça, gastar menos água... São muitas as táticas que os portugueses utilizam para poupar dinheiro.
FAZER TUDO EM CASA Joana Jorge tem 43 anos e mora em Almada. Neste momento está desempregada, mas sempre trabalhou em lojas, principalmente de roupa. Mora com os seus filhos: o mais velho de 23 anos e a mais nova de 16. Além disso, tem sete gatos. Como o valor que tem disponível mensalmente é baixo, teve de mudar vários hábitos para conseguir gerir. "Sempre tentei não gastar demasiado. Desde pequena que me foi incutido a velha máxima de aproveitar até ao máximo. Com a minha avó, aprendi: ‘usa o que tens, faz o que podes’. Mas o primeiro momento em que tive que ser mais radical foi quando tive o meu ordenado penhorado, há uns 10 anos, e por uns sete”, revela ao Começou a cozinhar muita coisa do zero em casa; pão, massa de pizza, iogurtes, fruta desidratada, croissants, pastéis, salgados e empadas. Depois, começou a congelar os alimentos. Faz os seus próprios detergentes, assim como alguns artigos de higiene como sabonetes e champôs sólidos. O mesmo acontece com o patê e os biscoitos dos seus patudos. "Também tenho uma pequena horta em vasos com aromáticas, tomate e alfaces. Nunca uso o forno só para uma coisa, tento sempre rentabilizar ao máximo”, conta. Opta por fazer compras semanais, para ser mais rigorosa e recorre sempre a produtos com a data quase a expirar, "pois normalmente têm desconto”. Para fruta ou carne, nunca recorre aos supermercados. Prefere comprar no comércio local ou nas feiras. Já não bebe café na rua e refeições em restaurantes, "só em caso de SOS”. "Mas fazemos muitos piqueniques”, garante. Além disso, também deixou de ir ao cabeleireiro. Corta o próprio cabelo em casa, bem como o da filha. "Livros, tento encontrar primeiro na biblioteca”, revela.
Faz também, sempre que pode, refeições "de tacho”. "Assim dá menos trabalho e gasto menos água na altura de lavar loiça”, continua. "Uso muitas vezes o cartão do Continente para acumular. Acabo por usar esse saldo nas férias, épocas de Natal ou Páscoa. Netflix e afins só subscrevo em altura de férias. Compras de calçado e roupa tentamos sempre dividir em duas vezes ao ano no Freeport (de preferência nos saldos), mas também tento comprar em segunda mão”, adianta. "Aproveito também as formações do IEFP, pois além de me pagarem o passe, também recebo subsídio de alimentação. Este mês estou a fazer uma formação de agricultura biológica, por isso, acabamos sempre por trazer alguma coisa para casa”, conta, admitindo que são essas pequenas coisas que a ajudam "a manter alguma sanidade mental”. "Está bem complicado manter a cabeça levantada”, lamenta. "A nossa sorte é que temos uma renda muito baixa”, revela.
"Está bem complicado manter a cabeça levantada (...) A nossa sorte é termos uma renda baixa"
"A maior prova de disciplina que dei a mim mesma foi ter criado um documento no Excel"
Joana Jorge afirma ainda ter mudado de veterinário para um com acordo/desconto por a família ser sócia de uma associação de animais da zona. "E mudei de operadora de TV para juntarmos os telemóveis”, sublinha. "Ah! E muitas vezes quando tenho dúvidas em comprar alguma coisa ‘mais superficial’, tento fazer as contas a quantas horas de trabalho esse item me iria custar (no meu caso se estivesse a trabalhar)”, acrescenta. Todas estas mudanças foram desafiantes, mas ao mesmo tempo, muito enriquecedoras, pois está sempre a aprender coisas novas. O mais complicado: manter. "É muito fácil fugir quando não apetece cozinhar ou limpar (...) É fácil cansar-me, perder a produtividade ou já não saber o que inventar mais. Mas é um orgulho quando faço as coisas pela primeira vez e percebo que sou capaz”, frisa. "Apesar disso, bom era ter um trabalho com ordenado justo, com horário justo. Não havendo, vou fazendo o que consigo”, remata.
CONTROLAR OS GASTOS Joana Rocha tem 34 anos, mora em Silves, no Algarve, e é formada em comunicação audiovisual e multi média. Atualmente é trabalhadora independente e trabalha para uma agência inglesa que faz arrendamentos de inverno e anuais no Algarve. "Trabalhei na área do audiovisual algum tempo enquanto vivi em Lisboa, mas tive que voltar ao Algarve quando o meu pai faleceu há oito anos e assumir grandes responsabilidades que aos 26 anos me passavam totalmente ao lado”, confidencia ao i.
Com o falecimento do seu pai viu-se obrigada, enquanto única herdeira, a ter que dar o braço a torcer e voltar ao Algarve para assumir as rédeas de todas as contas que eram da responsabilidade do patriarca da família. "Herdei uma quinta que tinha muitos problemas a nível de habitação, e tive que lentamente começar a recuperá-la. Contraí um crédito pessoal para fazer obras de recuperação mas tive azar - fui enganada! Pouco fizeram e levaram-me o dinheiro todo. Ainda hoje pago esse empréstimo”, lamenta. Tinha um emprego que lhe pagava muito bem na altura, enquanto comercial, mas com a covid ficou desempregada e foi aí que "começou mesmo a doer”. "Como estava habituada a viver confortavelmente, tinha muitos luxos de que não me apercebia, e tardou mas finalmente apercebi-me que tinha que começar a ter mais cuidado com os gastos”, explica.
Um dia decidiu colocar numa folha todos os gastos que fazia por mês para perceber o ponto da situação. ‘Acho que o evitei fazer algum tempo porque tinha medo do que ia enfrentar”, admite. "E claro que o resultado das contas na altura foi assustador”, acrescenta Joana. Tinha muitas sub scri ções (Netflix, HBO Max, Showtime, Prime, Disney+, Spotify) e teve que as cancelar. Hoje vê o que está disponível na Meo ou na internet "A única subscrição que até agora não fui capaz de cancelar foi o Spotify”, conta.
"Também percebi que tinha custos em casa e outras despesas que tinham que ser revistas, então renegociei o contrato com a Meo, com a Prosegur, e até com a Deco”, revela. Além disso, mudou para um fornecedor de eletricidade mais barato. "Evito deixar luzes ligadas e o ar condicionado é só quando não se aguenta mesmo. Quando vou às compras comparo os preços todos e vejo o que me fica mais barato ao litro ou ao kg. Ou então agarro nas promoções e nos alimentos que estão a chegar ao fim do prazo e ficam mais baratos. Compro roupa muito de vez em quando, e tanto no caso das roupas como as coleiras e medicação, ou bens essenciais para os meus animais, opto por lojas Online na maioria das vezes, como a Amazon ou a SHEIN, entre outras”, detalha. Joana comprou ainda um termossifão para não ter que gastar mais eletricidade ou gás para aquecer a água em casa. "Temos uma cisterna que coleta água da chuva e usamos na rega. A maior prova de disciplina que dei a mim mesma foi ter criado um documento no Excel que me permite colocar todos os gastos que já sei que vou ter no mês seguinte, com base nas faturas que vou recebendo”, frisa. Todo o valor excedente é colocado numa conta à parte para poupar e tem três finalidades: "criar um fundo de emergência, amortizar o crédito pessoal, pagar contas mais choru das e/ou inesperadas - ainda não atingi todas as finalidades mas com os cortes nos gastos que tenho feito já tenho conseguido poupar mais umas centenas por mês, e eventualmente quero atingir uma quarta finalidade que será um montante que me sirva depois para investir”, revela. Tem ainda um mealheiro para ir colocando os "trocos”.
O que custa neste processo é "a própria mente”. "É preciso ter muita força de vontade para não sermos impulsivos e gastarmos dinheiro em coisas de que não precisamos”, admite. "Temos que ponderar se o querer se sobrepõe à necessidade”, remata Joana Rocha.
SARA PORTO
sara.porto@ionline. pt
Famílias Numerosas
"Há muitos truques para poupar. Eu uso imensos!”
Numa altura em que o dinheiro parece não "esticar”, muitas pessoas se perguntam como é que as famílias numerosas conseguem gerir o orçamento. Carla Cerqueira, Filipa Azevedo e Filipa Pereira partilham alguns truques.
Há pessoas solteiras ou casais sem filhos que têm dificuldade em esticar o ordenado até ao final do mês, imaginemos algumas famílias numerosas... E quando falamos em poupar, torna-se ainda mais complicado! Mas, com a ajuda de alguns truques, nada é impossível.
Segundo a definição da Associação Portuguesa de Famílias Numerosas (APFN), uma família numerosa é aquela que contribui para que a média nacional seja superior a dois filhos por casal. "Internacionalmente é também este o padrão seguido. Outra maneira de ver esta questão é olhando para o índice sintético (2,1) que permite a reposição da população. Só as famílias com 3 ou mais filhos é que contribuem para a reposição da população”, explica a associação no seu site oficial.
MÃE DE QUATRO Carla Cerqueira, bancária, tem 49 anos e quatro filhos, com 15, 23, 25 e 27 anos. Quais os maiores desafios de ter uma família numerosa? Sem dúvida os gastos, principalmente, da alimentação, luz, água, gás de casa, roupa e calçado. "Transportar toda a família obrigou-nos a adquirir uma viatura maior e claro que foi uma despesa extra. Neste momento, por avaria e posterior venda, estamos a usar dois carros normais. Uma viagem com todos significa combustíveis e portagens a duplicar”, explica. Outra coisa muito complicada para esta família é ir a restaurantes: "Comer fora é praticamente impossível, pois uma refeição para seis num restaurante pode representar valores suficientes para uma semana de alimentação em casa, ou seja, raramente acontece”, admite. Existem, porém, truques para poupar. "Eu uso imensos!”, revela.
A bancária faz render os pontos em cartões de supermercado e tenta fazer as compras "dos básicos de mercearia”, uma vez por mês. Além disso, quando compra em supermercados, opta pelas marcas brancas. "Comida de panela rende muito mais. Fazemos marmitas para o almoço de quem tem condições para levar para o trabalho e aquecer”, conta. Carla também começou a usar aplicações como Too Good to Go - que conecta clientes a restaurantes e lojas que possuem sobras de alimentos não vendidos - para comprar uma box de fruta/legumes por semana a preços bastante em conta. "Por vezes, também compramos uma box de mercearia ou pastelaria”, continua. Refrigerantes e sobremesas, só ao fim de semana.
No que toca às férias, começaram a ser passadas maioritariamente em campos de campismo. Nas festas de aniversário, vão apenas pessoas muito próximas. "O aniversariante escolhe o menu e fazemos uma grande festa”, admite. No Natal, optam por fazer o jogo do "amigo oculto”. "Rimos à brava... Deixamos à imaginação de cada um”, explica. Para outras compras, Carla Cerqueira começou a acompanhar grupos de reciclagem e doação de artigos. "Dar o que não serve, pedir o que seja necessário, evitando comprar”, continua. Outros truques eficazes passam por verificar contratos de operadoras e seguros e apostar em sites de inquéritos remunerados. Além disso, acrescenta Carla Cerqueira, os animais de estimação passaram a tomar banho em casa. O que é que mais custa neste processo? "Poupar e tentar ir reforçando sem mexer é dificílimo. Os ordenados não acompanham o custo de vida”, lamenta a bancária.
MÃE DE CINCO Esta é uma realidade próxima à de Filipa Azevedo, doméstica, com 39 anos e cinco filhos: Miguel com 12 anos, Simão com oito, Ester com cinco, Aurora com três e Eli com 21 meses. "Hoje dia as pessoas olham para uma família com muitos filhos e fazem os comentários mais absurdos, que vão de um extremo ao outro. Ou ganhamos muito bem ou vivemos de abonos. Há pessoas que ficam mesmo incomodadas”, confidencia ao i. cA maior fatia dos rendimentos da família, revela vai para "a conta do supermercado”. "Por semana gastamos uma média de 12 litros de leite e 16 iogurtes, por exemplo”. Para evitar gastos excessivos, tenta fazer compras uma vez por semana, com exceção da fruta ‘Tanto as refeições como os lanches são muito bem planeados com antecedência. Temos preferência por comidas de ‘tacho’ que acabam sempre por render”, frisa.
"Também vamos muitas vezes às cooperativas aqui na zona, onde podemos comprar alimentos de melhor qualidade em maior quantidade e a preços mais simpáticos”, revela "Refrigerantes, cereais, bolachas e tudo o que seja industrializado é uma exceção cá em casa.. Preferimos limonadas e fazer tudo o que podemos e quando nos apetece em casa”, acrescenta. Em relação à roupa, a família aproveita sempre a época de saldos para comprar para o ano seguinte. "Assim estamos sempre preveni dos e acabamos por poupar”, explica. No que diz respeito aos tarifários de electricidade, internet, seguro de saúde, etc., diz: "O meu marido é muito atento e consegue sempre fazer as escolhas mais acertadas”. "Uma decisão que tomamos, especialmente quando decidimos que eu ficaria em casa, foi optar por ficar só com um carro”, afirma ainda.
MÃE DE SEIS Filipa Pereira tem 50 anos, é mãe de seis (dos 24 aos 13) e tudo faz para que se poupe lá em casa. "Aprendi muitas técnicas com a minha mãe, que também teve muitos filhos”, afirma. "Alguns dos meus já são maiores de idade e vão ajudando, não dando tantas despesas”, continua. A primeira coisa que se tem de meter na cabeça, aponta, é que só se pode comprar o essencial.
"O que não há, não se gasta, não é?”, diz, em tom de brincadeira. "Por exemplo, se eu comprar fiambre e queijo, vai tudo à vida em pouco tempo. Mais vale comprar só queijo”, explica. Nas compras, a mãe aposta quase sempre em produtos de marca branca. "Lá em casa fazemos uma máquina de roupa por dia”, revela. Só compra roupa de marca se for para passar de uns filhos para os outros, "na lógica que acabam por durar muito mais tempo”. "Evitamos pré-cozinhados e apostamos mais em comidas de tacho. O forno ligase apenas quando fazemos vários pratos de seguida. Ligá-lo e desligá-lo gasta imenso”, alerta.
Uma outra técnica é ter sempre pão em casa. "Sopa, pão e fruta à descrição. Se comprarmos outro tipo de coisa sai muito caro e desaparece num instante”, admite. "Misturamos também os cereais, os mais baratos tipo com flakes simples, com outros melhores”, sugere. No que toca aos banhos, quando demoram, "ligo a água quente noutro lado, assim desligam logo”, brinca. Relativamente ao material escolar, o segredo é "reciclar tudo o que se conseguir”: "Guardar de ano para ano religiosamente. Mas há coisas que têm mesmo de ser boas para passarem de uns para os outros, como mochilas ou chuteiras... Tenho chuteiras com mais de dez anos”, revela.
Nas férias, a família aluga uma casa. "Não há viagens! Só quando crescem e vai-se com um de cada vez. Assim é mais suave e aproveita-se para estar só com um filho”, acrescenta ainda. Já os presentes de Natal... "Um presente bom e outro baratinho. Começámos a comprar os presentes meses antes. E com os aniversários acontece a mesma coisa”, sublinha.
SARA PORTO
sara.porto@ionline. pt
POUPANÇA. QUANDO A TECNOLOGIA PODE SER UMA ALIADA IMPORTANTE
Poupar é a palavra de ordem nos dias de hoje e é certo que os portugueses fazem o que podem para conseguir amealhar uns trocos ao final do mês. E já há aplicações para isso. Nos supermercados, nos combustíveis ou mesmo no que diz respeito ao orçamento familiar, são muitas as aplicações que permitem ver o que é gasto e controlar os custos. Ou até plataformas para partilhar boleias ou ver onde é possível comprar mais barato. No fundo, são aplicações para todos os gostos com um único objetivo: fazer com que sobre mais dinheiro na sua carteira no final do mês.
SuperSave. Sabe qual supermercado mais barato?
É uma aplicação portuguesa que tem um objetivo muito importante: comparar preços em diferentes supermercados portugueses. "Uma lufada de ar fresco nas apps existentes... (...) Imaginem evitar andar de carro em cada supermercado. Assim, não só temos os preços mais baixos, mas podemos optar por ser mais eficientes”, lê-se no site da aplicação criada por três jovens engenheiros portugueses. Criada numa altura em que a inflação disparou, a Super Save está disponível para Android e iOS permite ainda partilhar a lista de compras por um link ou por email. Quer isto dizer que várias pessoas podem ter acesso à lista de compras, o que pode ser muito útil, por exemplo, para uma família.
Blablacar. Boleias e viagens mais acessíveis
A BlaBlaCar é a principal rede de viagens baseada na comunidade permitindo que mais de 90 milhões de membros partilhem uma viagem entre 22 mercados. A BlaBlaCar aproveita a tecnologia para encher lugares vazios nos automóveis, ligando membros que procuram partilhar boleia ou viajar de autocarro e fazendo com que viajar seja mais acessível, sociável e conveniente. A rede de mobilidade amiga do ambiente e do homem da BlaBlaCar poupa 1,6 milhões de toneladas de CO2 e permite 120 milhões de conexões humanas todos os anos. Esta aplicação está disponível para iOS e Android e permite viajar com desconhecidos (mas referenciados na aplicação) com custos partilhados.
Kuanto Kusta. Comprar um artigo específico.
O KuantoKusta é um comparador de preços e um marketplace que reúne mais de 1300 lojas num só sítio. Criada em 2005 pelos irmãos Pimenta, esta é uma aplicação que permite comparação de preços e contribuiu para que milhões de portugueses realizem compras mais conscientes e eco nómicas. No fundo, aqui, pode pesquisar-se um artigo e saber o seu preço em vários locais com o objetivo de poder comprá-lo a um valor mais acessível e mais amigo da carteira. Este ano foi ainda mais longe: o KuantoKusta investiu 500 mil euros numa nova plataforma, o Kabaz, que promete "revolucionar a forma de fazer compras no supermercado".
Farmácias portuguesas. Mais fácil pedir medicamentos
A rede de farmácias está presente em todo o país, para que o cliente possa ter acesso aos cuidados de saúde de forma mais próxima, sempre que precisar. Apesar de ser uma aplicação mais usada para ver quais as farmácias de serviço, a aplicação das Farmácias Portuguesas vai mais longe uma vez que permite reservar medicamentos, comprar pela aplicação ou L p e — dir . p ara entreg - ar em casa. Se estiver associada ao cartão da Associação de Farmácias, é possível usar os vales de descontos e pontos nas suas compras. E também conta com uma ajuda que dá alertas para a toma de medicamentos.
Too Good To Go. Evitar o desperdício alimentar
A Too Good To Go é uma empresa de impacto social que tem como missão o combate ao desperdício alimentar. O objetivo principal é mesmo salvar excedente alimentar. Na prática, é possível comprar pacotes na aplicação por preços mais acessíveis. Produtos que, no fundo, iriam para o lixo mas estão em perfeito estado para consumo. O site da Too Good To Go refere que já foram salvas mais de 350 milhões de refeições, têm mais de 100 milhões de utilizadores registados em todo o mundo e 170 mil parceiros. É que, através da Too Good To Go, é possível comprar comida que, mesmo estando perfeitamente boa para consumo, sai a um preço muito mais acessível. Ajuda-se a carteira e o ambiente.
Fuel Flash. Onde abastecer aos melhores preços
Com os preços dos combustíveis a subir e a descer, é normal que se procurem os locais onde é mais barato abastecer. E há, felizmente, muitas aplicações para isso. Uma delas é a Fuel Flash - disponível para Android e iOS - que permite saber os valores mais acessíveis junto da localização escolhida. Mas não só. Esta aplicação permite saber qual o percurso até à bomva escolhida, marcá-la como favorita se assim o entender e também saber o horário de funcionamento. É também possível controlar o gráfico de evolução dos preços dessa bomba ou de outras para que seja possível sempre escolher o melhor local onde abastecer.
Preço fresco. Poupar no supermercado
Esta é mais uma aplicação para poupar no supermercado. Segundo a Deco Proteste, o ‘Preço Fresco’ permite comparar os preços dos supermercados Online das marcas Auchan, Continente e Pingo Doce e disponibiliza uma versão exclusiva em articulação com a Deco Proteste. Além do preço, oito categorias de produtos do dia-a-dia exibem a pontuação obtida nos testes laboratoriais conduzidos pela Deco Proteste. "Quem procura comparar as garrafas de azeite, por exemplo, encontra não só o preço de cada garrafa em cada loja, mas também quais as marcas classificadas como ‘Melhor do Teste’, ‘Escolha Acertada’ e ‘Escolha Verde’”, explica a associação do consumidor.
Cozi. Organizar o orçamento familiar
A Cozi foi criada com o principal objetivo de organizar a vida familiar, conseguindo poupar tempo e dinheiro. Conta com um calendário que é partilhado por toda a família e que permite saber quanto se vai gastando do orçamento familiar, listas de compras e organizar horários de cada elemento do agregado familiar. É, no fundo, um administrador da vida familiar que permite perceber o que todos gastam e quais as tarefas atribuídas a cada um. Está disponível para Android e iOS, é gratuito e está disponível para toda a família.
Trivago e Booking. Comparar o alojamento mais barato
Se escolhemos viajar, assumimos que não estamos a poupar mas até dentro de uma viagem é possível poupar uns trocos e gastar menos. E para isso existem aplicações, sendo que as mais conhecidas são a Trivago e o Booking É que a estadia é, no fundo, o que mais pesa no orçamento de umas férias e, através destas duas aplicações consegue comparar preços e encontrar os locais mais acessíveis dentro das localizações que pretende, em Portugal e no estrangeiro. Além disso, usando estas aplicações, é possível que consiga também alguns descontos fazendo com que o alojamento das suas férias fique mais acessível e amigo da sua carteira.
Orçamento fácil. Como gerir melhor as suas finanças
Esta é uma aplicação que tem uma página de visão geral totalmente customizável para ver todas as informações importantes com um olhar. Quem a usa pode encontrar o saldo dos seus últimos dias junto com as contas, cartões e orçamentos que usa com mais frequência. É possível criar orçamentos customizado s para sempre saber quanto dinheiro ainda tem disponível e quanto já gastou e onde. Através da Orçamento Fácil pode também gerenciar as suas despesas diárias como desejar uma vez que é possível criar quantas categorias entender, editar existentes ou reorganizá-las, para ter as mais usadas no topo da lista. Pode ainda inserir transações agendadas e criar modelos de transação para acelerar a inserção de novas despesas.
DANIELA SOARES FERREIRA
daniela.ferreira@ionline.pt