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03 January 2025
00h00
Source:
Vida Económica
Perspetivas para 2025

Acontecimentos e decisões no final de 2024 marcam o início de 2025. A revisão das expectativas da Fed, a persistência da inflação e os desafios orçamentais crescentes nos EUA levantam dúvidas sobre a estabilidade dos mercados globais. Com a economia americana em destaque, a reeleição de Trump e o plano '3/3/3' adicionam ainda mais imprevisibilidade à economia.
A Fed, já no final do ano de 2024, refreou as expectativas para 2025, eliminando os quatro cortes de taxas de juro que tinha antecipado em setembro, projetando agora apenas dois cortes para este ano. Esta revisão reflete preocupações com a persistência da inflação e os défices orçamentais crescentes nos EUA, limitando uma política monetária mais acomodatícia. A questão que se levanta é se esta decisão poderá reduzir o otimismo nos mercados acionistas e desacelerar a expansão económica em 2025. Trata-se também de um sinal claro para a política monetária expansionista do BCE, restringindo a margem para uma redução mais acentuada da taxa de juro de referência do banco central da Zona Euro, perante um possível fortalecimento do dólar em 2025, tendência já evidente nos últimos meses de 2024, sobretudo após a eleição de Trump.
Com a euforia em torno da inteligência artificial (IA) e as valorizações no mercado acionista americano, surge a possibilidade de estes fatores continuarem a atrair capitais para os EUA. Sem identificar melhores oportunidades de retorno a nível global como foi o caso em 2023 e 2024, os dólares acumulados pelos países com balanças comerciais excedentárias em relação aos EUA têm regressado aos mercados americanos, sobretudo acionistas, valorizando ainda mais o S&P 500. Este movimento tem sido impulsionado pela perceção de segurança e pelos retornos elevados no setor tecnológico dos EUA. Porém, qualquer desempenho abaixo das expectativas do setor da IA pode desencadear uma correção, com efeitos de contágio a nível global. O desempenho favorável dos mercados acionistas, juntamente com os défices orçamentais, tem sido um dos principais impulsionadores da economia dos EUA.
As valorizações do S&P 500 e do Nasdaq têm aumentado a riqueza dos americanos, alimentando o consumo dois terços do PIB dos EUA. Embora essa dinâmica tenha sustentado o crescimento até agora, persiste o risco de uma dependência excessiva do setor tecnológico, suscitando dúvidas sobre a capacidade da economia dos EUA continuar a atrair capitais. Nas commodities e outras matérias-primas, a desaceleração económica na China e a fragilidade da economia europeia, especialmente no eixo franco-alemão, tendem a reduzir a procura global em 2025. Este cenário limita aumentos significativos nos preços da energia (desde eletricidade ao petróleo), dos metais industriais e dos produtos agrícolas. Quanto às divisas, o euro-dólar deverá ser influenciado pela possível continuidade da força da economia americana e por cortes menos acentuados nas taxas de juro nos EUA, podendo eventualmente alcançar a paridade. O franco suíço continuará a ser um porto seguro, com possibilidade de atingir novos máximos históricos face ao euro, apesar da recente redução das taxas de juro pelo Banco Central da Suíça, sustentado pela fragilidade do eixo franco-alemão.
O iene japonês deverá permanecer fraco, refletindo as taxas de juro persistentemente baixas do Banco do Japão. Já o yuan deverá manter-se estável, com a China mais preparada para enfrentar desafios comerciais, apostando na sofisticação tecnológica e na independência industrial. Medidas como restrições à exportação de metais críticos evidenciam a capacidade chinesa de condicionar as cadeias de abastecimento americanas. O fator "Trump" poderá condicionar os mercados. A sua influência continua incerta, mas o mercado já incorporou muitas expectativas relacionadas com a política de Trump. Contudo, os mercados tendem a procurar padrões históricos, e, como disse Mark Twain, "a História pode não se repetir, mas muitas vezes rima". No entanto, o cenário atual é diferente de 2017, com a China mais bem preparada para lidar com as pressões externas.
Trump enfrenta agora um cenário mais desafiador, e o seu secretário do Tesouro, Scott Bessent, terá um trabalho hercúleo para alcançar metas ambiciosas, como um crescimento económico superior a 3%, a redução do défice orçamental para menos de 3% e o aumento da produção de petróleo em 3 milhões de barris diários até 2028. Este ambicioso plano, apelidado de '3/3/3', reflete as aspirações dos EUA, mas as suas previsões são amplamente questionáveis, tornando o 'fator Trump' uma variável altamente imprevisível para os mercados. A economia consiste na transformação de matérias-primas em bens e serviços, com a energia a desempenhar um papel central nesse processo. Aqueles que dispõem de energia barata e de avanços tecnológicos mais robustos terão uma vantagem competitiva significativa.
Paulo Monteiro Rosa, Economista Sénior do Banco Carregosa