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Tarifas de Trump fortalecem ouro

Fecho da bolsa: Apesar da ameaça das tarifas, as bolsas americanas seguem perto de máximos históricos, enquanto DAX e STOXX 600 renovam recordes na Europa.
As tarifas comerciais impostas pelo governo de Donald Trump estão a gerar receios de um aumento da inflação nos EUA. O Goldman Sachs estima que cada aumento de 1 ponto percentual (pp) na tarifa efetiva eleve em 0,1% o nível de preços do Core PCE, o índice de preços das despesas de consumo pessoal que exclui alimentos e energia, sendo um dos indicadores monitorizados pela Fed. Com as novas tarifas a representarem um acréscimo de 4,7 pp, espera-se um impacto inflacionista de 0,47% no Core PCE. Este efeito é superior às estimativas anteriores do Goldman Sachs, que já antecipavam um impacto inflacionista das tarifas, mas em menor escala. A Fed, na sua última projeção de 18 de dezembro, elevou a previsão do Core PCE para 2,5% em 2025, acima dos 2,2% projetados em setembro. No entanto, se essa revisão não considerava o agravamento das tarifas, a inflação pode agora aproximar-se dos 3% no final de 2025. Se isso acontecer, ficará bem acima da meta da Fed, forçando o banco central a manter juros elevados por mais tempo e a adotar uma política monetária potencialmente mais restritiva para conter os preços.
O efeito ocorre através do encarecimento dos bens importados, aumento dos custos de produção para as empresas e variações cambiais. Como consequência, prevê-se uma subida dos preços para o consumidor, uma possível desaceleração do consumo e a necessidade de a Fed prolongar a política de juros elevados. Além disso, a incerteza sobre a duração das tarifas pode aumentar a volatilidade nos mercados financeiros, afetando investimentos e crescimento económico. Este clima de incerteza e receio de uma deterioração económica impulsiona a valorização do ouro, que atingiu máximos históricos, aproximando-se dos 2.900 dólares por onça. O metal tem sido amplamente procurado como ativo de refúgio, tanto por investidores individuais como por bancos centrais, que continuam a reforçar as reservas. As tensões comerciais entre os EUA e os seus parceiros comerciais, sobretudo Canadá, México e China, contribuíram para uma transferência massiva de lingotes de ouro de Londres para Nova Iorque, numa busca acrescida por segurança. Em janeiro de 2025, as reservas de ouro no Comex aumentaram 36% face a dezembro, refletindo o receio de novas barreiras comerciais e dos efeitos na economia global.
O clima de incerteza e receio de deterioração económica impulsiona a valorização do ouro, que atingiu máximos históricos, perto dos 2.900 dólares por onça.
Além do impacto direto das tarifas na inflação, a incerteza gerada tem reforçado a procura por ouro como proteção contra a volatilidade dos mercados. Em 2024, o investimento cresceu 25%, com destaque para os ETFs (fundos negociados em bolsa) e para a forte procura na Ásia. O ouro continua a destacar-se como reserva de valor, mesmo num contexto de dólar forte e taxas de juro elevadas. A conjugação de tensões geopolíticas, instabilidade económica e políticas comerciais protecionistas tem sustentado a valorização, tornando-o um elemento essencial nas estratégias de diversificação e proteção de patrimónios. Se a guerra comercial se intensificar e a inflação continuar elevada, o ouro deverá manter-se como um dos ativos mais procurados pelos investidores globais.
Paulo Monteiro Rosa Economista Sénior do Banco Carregosa